Democracia
X Compromisso
Gestão Escolar Democrática, Sim.
Porém Com Compromisso!
A forma de administração da grande
maioria das escolas são administrações tipicamente públicas, principalmente, no
que se refere ao compromisso profissional. Todos os servidores trabalham
somente a carga horária do plano de carreira. É mais fácil encontrar
servidores que trabalham menos, de que mais. Têm alguns deles que esperam para
tocar o sinal em pé na porta de saída. A prática pedagógica também não foge à
regra. Não há compromisso com o saber do aluno, mas sim com o cumprimento
burocrático da rotina escolar, tipo: diários, registro de conteúdos e notas.
Há alguns anos trabalhei em uma
escola que um mês antes do final do ano letivo, já tinha professores com o
diário pronto, inclusive, com a lista de aprovados e reprovados. Imagine, qual
foi à oportunidade/crédito que esse professor deu ao aluno em respeito ao seu
tempo escolar.
Penso que a qualidade de ensino
de qualquer escola melhorará consideravelmente, se for administrada mais
profissionalmente, adotando a relação patrão/empregado. Hoje em dia, o que se
vê é concurseiro querendo uma vaga em emprego público, nesse caso é bem emprego
mesmo e bem menos trabalho, pois a grande maioria só quer sombra e água fresca.
É por isso, que a educação vai tão mal. Quero deixar claro que não sou contra Gestão Democrática, muito pelo contrário, sou
sindicalista/petista e apaixonada por liberdade, porém, liberdade não é
sinônimo de bagunça, farra.
Os profissionais da educação precisam
enxergar, se responsabilizar e se envergonhar dos índices que ocupamos no item
qualidade de ensino. Precisamos assumir esses resultados como nossos produtos.
Afinal, os resultados dos vestibulares, do ENEN, da Prova
Brasil, do Pisa e tantos outros, são nossos. Não é possível um
professor passar 200 dias letivos com um aluno e não conseguir ensiná-lo ler,
não conseguir fazer uma diferença positiva em sua vida. Não conseguir incluí-lo
em uma sociedade que pouco faz para ajudá-lo subir as difíceis escadas do mundo
letrado, da universidade. Nessa peneira fina, conforme diz meu velho pai, que é
garimpeiro e é dono de uma rara sabedoria, “só fica diamante puro, verdadeiro”.
E ser diamante na atual sociedade excludente, não é para qualquer um.
Obviamente, que muitos outros fatores
fazem parte dessas estatísticas, desde a família, o Estado, até a injusta
distribuição de renda. Entretanto, nós, docentes, precisamos assumir a parte
que nos toca nesse latifúndio.
Só existe uma diferença bem grande
para não dar certo numa empresa – escola em relação à administração pública e,
que eu, particularmente não aceitaria. É a relação patrão empregado, na questão
direito de greve. Na iniciativa privada funcionário que não está satisfeito com
questões salariais e/ou de plano de carreira em uma administração empresarial,
se reivindicar melhorias e o patrão não puder oferecer, não tem reclamação por
parte do empregado e se houver com certeza a resposta do empregador será dizer
que lá fora há uma grande fila de candidatos à espera de uma vaga. Enquanto que
na administração pública o empregado faz sua reivindicação com direito à greve,
garantida constitucionalmente. E desse direito não podemos abrir mão. Porém,
nem por isso vamos deixar de cumprir com nossas obrigações. Ou então, com que
moral, faremos greve?
Portanto, para a educação dar certo
não é preciso fazer nenhuma receita mirabolante. Basta cada um assumir sua
culpa e, se não der para corrigi-la, e só começar tudo de novo, mais agora pra
valer! Com compromisso, responsabilidade, ética, democracia, inclusão social e
acima de tudo respeito aos filhos desta pátria, os quais em sua grande maioria
são procedentes de famílias desestruturadas, semianalfabetos e de baixa ou
nenhuma renda.
Profª Coraci Machado
Fonte: Educação e Liberdade
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